O próximo ano tem tudo para ser o da casa própria para o brasileiro médio. Segundo os especialistas, gente na casa dos 30 anos, recém-casada, talvez com um filho pequeno, que sonha com o primeiro imóvel - unidades custando, em média, entre R$ 80 mil e R$ 160 mil.
De acordo com os analistas, o anúncio feito pelo conselho curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), no final do mês de que o orçamento para a habitação em 2014 será recorde e da ordem de R$ 57,8 bilhões, deve estimular o financiamento de imóveis econômicos e ou populares. Segundo o conselho, o valor total do recurso é 2% maior que o disponibilizado em 2013.
O anúncio foi feito menos de um mês depois de o governo autorizar o aumento do limite de preço dos imóveis que podem ser financiados com a utilização do FGTS, que passou de R$ 500 mil para R$ 650 mil (R$ 750 mil em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e DF). Ainda segundo os especialistas do mercado imobiliário, essas medidas devem também incentivar a compra de imóveis de alto padrão, com valores passando da casa dos R$ 500 mil.
De acordo com dados da Caixa Econômica Federal na Bahia, de janeiro até 25 de outubro de 2013, aproximadamente R$ 5,1 bilhões em crédito imobiliário foram contratados no estado. No restante do país, até o final de setembro, o número era de cerca de R$ 100 bilhões - 33% do total, com recursos do fundo.
Contribuição positiva - Segundo o gerente regional da Caixa, Adelson Prata, somente em Salvador, o número de contratos realizados até a semana passada era "quase 50% maior do que o realizado em 2012".
"Com esse investimento, a Caixa está perto de alcançar a meta de R$ 130 bilhões para 2013 em todo o país". Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Alberto Vieira Lima, as medidas "contribuem de forma positiva, mas que a questão deve estar centrada mais na demanda por habitação".
"O governo só precisa conter os juros altos", diz ele. Segundo o diretor de expansão de mercados da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi), Marcos Vieira Lima, o novo anúncio deve dinamizar o setor, em especial os empreendimentos de mais baixa renda e as obras públicas.
"A expectativa é que 2014 seja melhor, pois começa a haver um equilíbrio entre oferta e demanda. O número de estoque vem reduzindo e novos lançamentos devem surgir", afirma. Na avaliação do presidente da Associação Baiana das Administradoras de Imóveis e Condomínios (Abai), Manoel Teixeira, "a cada dia que passa, fica mais fácil comprar imóvel".
"A demanda é muito forte e não vai acabar nunca, pois todo dia nasce gente. Compra-se casa para morar, investir. É uma dinâmica de troca grande e salutar para a economia do país", diz.
Trabalhando com carteira assinada em um laboratório farmacêutico, há pouco mais de três anos, o representante comercial Mário Borges não vê a hora de sair do aluguel. "Vou usar o meu saldo (do FGTS) na compra de uma casa. Do ano que vem não passa".