Rayane MainaraLinhares: dúvida sobre como os subsídios serão transferidos
“Já existe um sistema eletrônico para portabilidade, mas como é nova a questão do crédito, precisamos de detalhes, principalmente com relação às operações subsidiadas. Não sabemos como os subsídios vão ser transferidos para o novo banco”, ressaltou o superintendente da Caixa Econômica no RN, Roberto Linhares.
As normas para transferência dos recursos do fundo de garantia só foram publicadas no dia 19 da abril – quatro meses depois da regulamentação da portabilidade de crédito, publicada pelo Banco Central. Responsável pelo gerenciamento dos recursos do FGTS, coube à Caixa Econômica Federal acatar a mudança. Entretanto, a própria instituição encontra percalços para compreender como se dará a transferência.
Operações com o FGTS possuem os juros subsidiados. As taxas vão de 4,5% a 7,58%. “Faltam alguns detalhes. Por exemplo: como fica a questão da garantia. Na hora em que esse imóvel for transferido para outro banco, fica a dúvida com relação à garantia do bem, se ela vai vir junto. É preciso saber se vai estar tudo regular com relação a esse imóvel no cartório. Ainda há muita dúvida”, comenta o superintendente da Caixa Econômica no RN, Roberto Linhares. Ele ainda ressalta que nem todas as operações que envolvem o FGTS estão digitalizadas, o que dificultaria o envio eletrônico das informações do cliente no prazo estabelecido pela medida.
Mesmo com as dúvidas, ele afirma que há possibilidade de começar a portabilidade do FGTS ainda amanhã. “O cliente que quiser vir a partir do dia cinco pode vir, nós estaremos prontos. Mas nós acreditamos que a demanda inicial não deva ser tão grande, até pela falta de conhecimento das pessoas sobre o assunto”, reconhece. Linhares não teme a competitividade de outros bancos. “Nós temos as menores taxas do mercado. Teremos mais gente querendo fazer a portabilidade para cá.”
Empecilhos
O gerente de mercado regional do Banco do Brasil, Jean Michel, também ressalta que a regulamentação publicada pelo Banco Central não focou em minúcias, que podem atrasar o tempo para a realização da portabilidade no dia-a-dia. “Nós esperamos mais empecilhos fora do banco, como o tempo para o cartório publicar as documentações, como a averbação do novo contrato. Além disso, não podemos adquirir o débito sem fazer a avaliação do imóvel, e no interior isso é muito difícil. Não temos avalistas em todos os municípios e há um tempo para fazer o deslocamento do nosso pessoal”, analisou.
Emanuel AmaralJean Michel: minúcias podem atrasar o tempo da portabilidade
Michel aposta no aumento da competitividade entre os bancos – uma corrida em busca da captação do cliente a partir da melhor taxa de juros – o que deve acontecer entre todas as modalidades de crédito, exceto o imobiliário. “Outras operações podem ser mais interessantes para os bancos privados, que ganham mais ao utilizar a caderneta de poupança. Temos uma série de lacunas jurídicas quanto ao imobiliário, e talvez a busca por ele não comece tão rápido”, avaliou. Uma coisa, porém, é certa. “Todos os bancos vão tentar reter o cliente.”
Fonte: Tribuna do Norte