segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Agência de risco Moody’s rebaixa todos os ratings da Petrobras

Nota da dívida da petroleira caiu de Baa2 para Baa3, a um nível de perder o grau de investimento


RIO - A agência de classificação de risco Moody's rebaixou na noite desta quinta-feira todos os ratings da Petrobras. A decisão foi motivada por preocupações com as investigações sobre corrupção na estatal e uma possível pressão sobre a capacidade da companhia de pagar suas dívidas, em função de atraso na divulgação de resultados financeiros auditados.
A ação cortou todas as notas da petroleira de Baa2 para Baa3. Com isso, a estatal está a um degrau de perder o chamado grau de investimento, espécie de selo de garantia que indica que a empresa é boa pagadora. A Moody's disse ainda que os ratings permanecem em perspectiva negativa, enquanto as investigações da Operação Lava-Jato continuam a se desenrolar.


“Ações de rating adicionais vão considerar os desdobramentos da investigação sobre corrupção em curso e a passagem de tempo sem um claro progresso em direção a uma produção normal de comunicados financeiros”, disse a agência, em comunicado.
Em outubro, a nota da empresa já havia sido rebaixada pela agência. Na ocasião, o principal motivo para o corte foi o alto nível de endividamento da companhia.

Desta vez, pesou na avaliação a falta de informações mais claras sobre o real impacto dos desvios de pagamentos sobre os ativos da empresa. Na madrugada de quarta-feira, a Petrobras divulgou, com mais de dois meses de atraso, seu balanço financeiro referente ao terceiro trimestre do ano passado. O relatório, não auditado por empresas independentes, identificou a existência de R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados. O Conselho de Administração da empresa, no entanto, entendeu que não era possível identificar quanto desse montante era relacionado a casos de fraudes na empresa.
"A empresa reconheceu a necessidade de fazer revisões para ajustar valores de ativos em seus relatórios financeiros para refletir pagamentos superfaturados ligados a fraudes. No entanto, a Petrobras falhou em informar com clareza a magnitude desses ajustes. A falta de profeso em revelar o tamanho dos ajustes não é um sinal encorajador para o relatório auditado do fim do ano", acrescentou a nota da Moody's.
Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que as perdas causadas pelos casos de corrupção podem ser ainda maiores que o já apurado, à medida que a Operação Lava-Jato avançar nas investigações. A declaração abalou a confiança dos investidores, que levaram as ações da empresa na Bolsa a cair mais de 3%. Nos últimos dois dias, a Petrobras já perdeu mais de R$ 16 bilhões em valor de mercado.

OUTRAS AVALIAÇÕES

Em dezembro, outra agência de risco, a Fitch, já havia dito que os escândalos de corrupção poderiam afetar a nota da petroleira. Na quinta-feira, a agência publicou um comentário sobre a Petrobras em que reforça que a nota da Petrobras está estável na classificação como BBB (segundo nível do grau de investimento, ou seja, a estatal está duas classificações acima de ser considerada "investimento de risco") mesmo após a divulgação do relatório do terceiro trimestre de 2014 sem as perdas por corrupção e sem a auditoria externa. Mas a empresa volta a reforçar que a piora no quadro pode levar a uma revisão da nota da Petrobras. "O escândalo de corrupção em torno das contratações da Petrobras tem o potencial de afetar negativamente sua qualidade de crédito e ratings na medida em que ela impactar as operações e a liquidez da empresa ou ela receber penas pecuniárias associadas ao escândalo", disse a agência.


Na outra grande classificadora de risco global, a Standard & Poor's (S&P), a nota da Petrobras está classificada como BBB-, considerda estável desde a última avaliação, em 24 de março do ano passado. Ou seja, nesta agência, a estatal está uma nota acima da classificação de investimento de risco, fazendo, assim, que das três grandes empresas classificadoras a Petrobras esteja no último degrau do "grau de investimento" na Moody's e na S&P e dois degraus acima na Fitch.


Fonte: O Globo

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